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GTL - C11: Os 500 Anos Entre os Testamentos

SEÇÃO C11

SEÇÃO C11

 

OS 500 ANOS ENTRE OS TESTAMENTOS

 

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Capítulo 1

 

O que Aconteceu nos Séculos

Entre o Antigo e o Novo

Testamento?

 

 

Introdução

Os quatrocentos anos entre a profecia de Malaquias e o advento de Cristo são frequentemente descritos como sendo “silenciosos”, mas foram na verdade repletos de atividades.

Nenhum profeta, cujos escritos estão incluídos na Bíblia, se levantou em Israel durante estes séculos. O Antigo Testamento foi considerado completo.

No entanto, muitas coisas aconteceram e deram aos judeus da época de Cristo a sua ideologia característica. Esta era preparou providencialmente o caminho para a vinda de Cristo e a proclamação do Seu Evangelho.

 

A. O IMPÉRIO PERSA CONTROLA A JUDÉIA

 

Cerca de 100 anos antes desta época, os judeus haviam sido levados para o cativeiro babilônico (persa) (2 Rs 24:15; Jr 20:6). A antiga Pérsia era constituída de regiões que hoje formam as nações do Iraque e do Irã.

 

Os judeus passaram muito bem durante o seu cativeiro de setenta anos sob domínio persa. No final desses setenta anos, Ciro, Príncipe da Pérsia, lhes deu permissão de voltarem para Jerusalém e construírem o seu templo (compare Jr 29:10 com Dn 9:2).

Muito embora houvessem encontrado oposição dos habitantes da Palestina, o templo foi completado e consagrado durante o reinado de Dario, o Grande (Ed 6:1-14).

 

Esdras, o escriba, e Neemias, o leigo, tentaram fortalecer a comunidade judaico-palestina e incentivar a sua lealdade para com a lei de Deus (veja Esdras 10).

Durante cerca de um século e meio após a época de Neemias, o Império Persa exerceu um controle sobre a Judéia, e os judeus podiam manter as suas instituições religiosas sem interferências.

A Judéia foi governada por sumos sacerdotes, os quais eram responsáveis diante do governo persa, um fato que garantia aos judeus um bom nível de autonomia. Ao mesmo tempo, no entanto, isto fez do sacerdócio um cargo político e lançou as sementes de problemas futuros. As competições pelo cargo de sumo-sacerdote foram marcadas por invejas, intrigas e até mesmo assassinatos.

 

Dizem que Joana, filho de Joiada (Ne 12:22), assassinou o seu irmão Josué dentro das dependências do templo.

Joana foi sucedido como sumo sacerdote poseu irmão Jadua, cujo  irmão Manassés, de acordo com Flavio Josefo, casou-se com a filha de Sambalate, governador de Sumaria.

 

1Os Samaritanos Edificam o Templo

Foi nesta época que um templo samaritano foi construído sobre o Monte Gerizim. Este templo, ao invés de Sião, era considerado como sendo sagrado pela comunidade samaritana. Por algum tempo, isto reforçou o sistema religioso substituto, o qual havia sido iniciado por Jeroboão vários séculos antes, seguindo-se à morte do Rei Salomão (1 Rs 12:25).

O santuário sobre o Monte Gerizim foi destruído pelo governante Asmoneu João Ircano (134 - 104 A.C.). Até a metade do Século XX, um remanescente de samaritanos (cerca de 300 em número) ainda consideram o monte como sendo sagrado.

A mulher do poço de Samaria queria discutir com Jesus sobre os méritos dos lugares sagrados rivais. Jesus, o Salvador, escolheu enfatizar a atitude espiritual do adorador, ao invés do local de adoração (Jo 4:20).

 

O Sambalate de Josefo o pode ter sido o mesmo indivíduo que o mencionado por Neemias (Ne 4:1). Josefo, no entanto, parece estar refletindo uma tradição válida, pois parece que um templo foi mesmo edificado sobre o Monte Gerizim ao redor desta época.

 

O fracasso da Pérsia de sobrepujar a Grécia estimulou outros povos conquista- dos a buscarem a sua independência. O Egito estava constantemente tentando livrar- se do jugo persa. A Judéia, geograficamente situada entre o Egito e a Pérsia, não conseguia escapar do envolvimento.

 

2.  Os Judeus Migram

Durante o reinado de Artaxerxes III, muitos judeus estavam implicados numa revolta contra a Pérsia. Depois do seu fracasso, os persas os deportaram para a Babilônia e a costa ao sul do Mar Cáspio.

Os judeus haviam fugido para o Egito na época de Jeremias um século ou mais antes. Depois da morte de Gedalias, o profeta Jeremias foi forçado a unir-se a um grupo de refugiados que buscaram asilo em Tafnes, ao leste do Delta (Jr 43:4-13). Outros judeus indubitavelmente conseguiram chegar ao Egito para não serem capturados por Nabucodonosor.

A migração continuou durante o período persa e, no quinto século antes de Cristo, uma colônia judaica de soldados mercenários estava localizada na Ilha Elefantina, perto da atual Assuan, na Primeira Catarata do Nilo.

Contrariamente à Lei Mosaica, estes colonos construíram um templo para si próprios e combinaram a sua devoção ao Deus dos seus antepassados com elementos pagãos (Jr 44:15-19). Os Judeus Elefantinos mantinham correspondência com os samaritanos, como também com os que habitavam na Judéia.

 

B. ALEXANDRE O GRANDE

A Pérsia nunca conseguiu subjugar os gregos, mas um herdeiro da cultura grega, Alexandre da Macedônia, finalmente pôs um fim ao Império Persa.

Alexandre o era simplesmente um déspota louco por poder. Pelo fato de ser um discípulo do filósofo Aristóteles, ele estava totalmente convencido de que a cultura grega era a única força que poderia unificar o mundo.

Em 333 A.C., ele saiu da Macedônia e entrou na Ásia Menor, derrotando o exército persa estacionado. Em seguida, ele se dirigiu ao sul através da Síria e Palestina, até chegar ao Egito.

Tanto Tiro quanto Gaza ofereceram uma obstinada resistência, mas os atrasos não desanimavam Alexandre eles simplesmente fortaleciam a sua determinação de vencer.

 

1.  Um Amigo dos Judeus

o havia nenhuma necessidade para uma campanha contra os judeus e, na verdade, as lendas fazem de Alexandre um amigo do povo judeu. Dizem que Jadua, o sumo sacerdote, teria saído para encontrar-se com Alexandre, para contar-lhe sobre a profecia de Daniel, segundo a qual o exército grego seria vitorioso (veja Daniel 8).

Muito embora os historiadores não levem esta história a sério ela, no entanto, ilustra de fato os sentimentos amigáveis existentes entre os judeus e o conquistador macedônio.

Alexandre permitiu que os judeus mantivessem as suas leis, concedendo-lhes uma isenção do tributo durante os Anos Sabáticos.

Ao construir Alexandria no Egito (331 A.C.), ele incentivou os judeus a se estabelecerem lá e lhes deu privilégios comparáveis aos dos seus súditos gregos.

 

2.  Persas Derrotados

Alexandre foi bem recebido no Egito como um libertador da opressão persa.

Os seus exércitos vitoriosos voltaram pelo mesmo caminho através da Palestina e Síria e, então, dirigiram-se para o leste.

As cidades da Babilônia (Iraque) e Pérsia (Ira) caíram diante de Alexandre e ele prosseguiu para o leste até chegar à região de Punjabe na índia.

 

3Legado de Cultura Grega

Muito embora ele fosse muito poderoso na batalha, foi uma cultura helenística, ao invés de um domínio macedônico, o legado que Alexandre deixou para o Oriente Médio.

Ele resolveu fundar uma nova cidade em cada país do seu império, que serviria como modelo para a reordenação da vida do país como um todo, segundo os padrões gregos.

Materialmente falando, isto significava a construção de ótimos edifícios públicos, um ginásio para jogos, um teatro ao ar livre e qualquer coisa que se aproximasse do estilo de vida de uma cidade-estado grega.

Os indivíduos foram incentivados a assumirem nomes gregos, a adotarem as vestimentas gregas e a linguagem grega em suma, a se tornarem helenizados.

 

Os aspectos materiais do helenismo devem ter sido atraentes para grandes segmentos da população.

Os negócios e o comércio trouxeram riquezas à nova classe mercantil. As bibliotecas e as escolas eram bem recebidas pelos estudantes. Melhores moradias e na melhor alimentação causaram uma elevação nos padrões de vida.

Muitos em Israel, como em outras partes também, ficaram satisfeitos em aceitar esta fachada de cultura grega. Se a idolatria foi a pedra de tropeço para Israel no período anterior ao Exílio, o helenismo foi a grande tentação após o Exílio.

 

Um escritor do terceiro século A.C. observou o seguinte: “Em épocas recentes, sob o domínio estrangeiro dos persas e, em seguida, dos macedônios, pelos quais o Império Persa foi derribado, o intercâmbio com outras raças fez com que muitos dos costumes judeus tradicionais perdessem a sua influência.”

Muitos judeus adotaram nomes gregos, aceitaram uma escola de filosofia grega e tentaram combinar a sabedoria da Grécia com a fé dos seus antepassados. Outros resistiram ao helenismo e se tornaram cada vez mais absortos no estudo da sua Lei.

Aos trinta e três anos de idade, Alexandre morreu na Babilônia.

Por vários anos, o futuro do Oriente Próximo esteve incerto, mas os generais foram bem-sucedidos na divisão do Império entre si, e a onda de helenismo aumentou.

Ainda que os Ptolomeus do Egito e os Selêucidas da Síria tivessem lutado entre si para obterem terras e poder, eles estavam em completo acordo com relação à sua missão social e cultural.

O historiador W.W.Tarn diz que Alexandre “transformou o mundo de tal maneira que nada depois dele poderia ser como era antes”.

 

C. OS PTOLOMEUS

Depois da morte de Alexandre, a Judéia ficou primeiramente submissa a Antígono, um dos seus generais. No entanto, ela caiu rapidamente nas mãos de outro general, Ptolomeu I, cujo sobrenome Sóter significava “Libertador”. Ele capturou Jerusalém num dia de sábado em 320 A.C.

 

1.  Os Judeus Prosperam

Ptolomeu, cujo reinado centralizava-se no Egito, tratou bem os judeus. Muitos deles se estabeleceram em Alexandria que continuou a ser um importante centro do pensamento judaico por muitos séculos.

 

Sob Ptolomeu II (Filadelfo), os judeus alexandrinos traduziram o seu Antigo Testamento para o grego. Esta tradução ficou conhecida mais tarde como a Septuaginta (que traduzida significa “setenta”).

 

Este nome veio dos setenta judeus que foram enviados da Judéia para produzirem a tradução grega das Escrituras Hebraicas. Na verdade havia setenta e dois seis de cada uma das doze tribos.

Os judeus da Palestina desfrutaram de um período de prosperidade durante a época ptolemaica. Tributos eram pagos ao governo no Egito. Os assuntos locais, no entanto, eram administrados pelos sumos sacerdotes, os quais haviam sido responsáveis pelo governo do seu povo desde o período persa.

A maior figura dentre os judeus do período ptolemaico foi Simão o Justo, o sumo sacerdote. Ele é tema do mais alto louvor do Livro Apócrifo do Eclesiástico, que o chama de “Grande dentre os seus irmãos e a glória do seu povo”.

A ele se atribui a reconstrução das muralhas de Jerusalém, que haviam sido destruídas por Ptolomeu I. Dizem que ele reparou o Templo e dirigiu a escavação de uma grande represa que fornecesse água fresca para Jerusalém em épocas de seca e assédios. Além da sua reputação como sumo sacerdote, Simão é também considerado um dos grandes mestres do antigo judaísmo. O seu aforismo favorito era: “O mundo repousa sobre três coisas: a Lei, o Serviço Divino e a Caridade.”

 

Contudo, a identidade de Simão o Justo apresenta um problema histórico. Um sumo-sacerdote conhecido como Simão I viveu durante a metade do terceiro século, e Simão II viveu cerca de 200 A.C. Um destes dois é indubitavelmente o Simão o Justo da tradição e lenda judaicas.

 

2.  A Rivalidade Aumenta Entre as Famílias Sacerdotais

 

Durante o período ptolemaico, as famílias sacerdotais de Onias e Tobias tornaram-se rivais implacáveis. A casa de Tobias era a favor do Egito e representava a classe rica da sociedade de Jerusalém. A família de Tobias pode ter sido ligada a Tobias, o amonita (Ne 2:10; 4:3,7; 6:1-19) que causou muitos problemas a Neemias.

Um papiro da época de Ptolomeu II fala de um judeu chamado Tobias, que era um comandante da cavalaria no exército ptolemaico estacionado em Amanitis, a pouca distância ao leste do Rio Jordão.

Os arqueólogos descobriram um mausoléu do terceiro século A.C. em ‘Araq el-Emir na região central da Jordânia, com o nome Tobias”. Segundo o que se pensa, os Tobias foram arrecadadores de impostos, ocupando a mesma função que os publicanos do Novo Testamento.

Josefo afirma que Onias II recusou-se a pagar vinte talentos de prata a Ptolomeu IV, que era evidentemente o tributo exigido dos sumos sacerdotes. Ao recusar o pagamento, Onias aparentemente renunciou a sua fidelidade a Ptolomeu.

José, um membro da casa de Tobias, conseguiu então ser nomeado “coletor de impostos” para toda a Palestina. O coletor de impostos tinha que ir a Alexandria todos os anos para tentar conseguir a renovação da sua licença para arrecadar impostos. José manteve este cargo influente durante vinte anos, sob os Ptolomeus e após a vitória de Antíoco III, sob os Selêucidas.

 

D. OS SELÊUCIDAS

Os governantes sírios deste período são chamados de Selêucidas. Isto se deve ao fato de que no reino deles, um dos estados sucessores ao império de Alexandre o Grande, foi fundado por Seleuco I (Nicator).

A maioria dos primeiros governantes tinham o nome de Seleuco ou Antíoco. Eles governavam da cidade de Antioquia, no Rio Orontes.

 

1.  A Cultura Grega Imposta Sobre os Judeus

 

O ambicioso governante Antíoco III, apelidado “o Grande”, travou uma série de batalhas com o Egito. Em 199 A.C., ele arrebatou a Palestina dos Ptolomeus depois da Batalha de Panion, perto das nascentes do Rio Jordão.

Isto marcou o início de uma nova era da história judaica. Muito embora os Ptolomeus tivessem sido tolerantes com relação às instituições judaicas, os Selêucidas resolveram impor o helenismo sobre os judeus.

A crise veio durante o reinado de Antíoco IV, mais conhecido como Antíoco Epifanes. Ele encontrou aliados no partido helenístico da Judéia.

No início do reinado de Antíoco IV, Jerusalém foi governada pelo sumo-sacerdote Onias III, um descendente de Simão o Justo e um judeu rigorosamente ortodoxo.

 

2.  O Sacerdócio Vai Para o Maior Lance do Leilão

 

Os judeus que favoreciam a cultura grega se opuseram a Onias e adotaram a causa do seu irmão Jasão. Prometendo maiores tributos a Antíoco, Jasão conseguiu ser nomeado sumo-sacerdote.

Muito embora Antíoco considerasse o sacerdócio um cargo político, que poderia ser devidamente preenchido por ele como quisesse, os judeus devotos achavam que o sacerdócio era divino em sua origem e consideravam que a sua venda ao mais alto “lance de leilão” era um pecado contra Deus.

 

Jasão incentivou os helenistas que haviam buscado a sua eleição. Um ginásio foi construído em Jerusalém, nomes gregos tornaram-se comuns, e a ortodoxia hebraica foi considerada obscurantista e obsoleta.

Contudo, Jasão discutiu com o seu companheiro íntimo e colega helenista, Menelau, da Tribo de Benjamim. De acordo com as Escrituras do Antigo Testamento, somente os Levitas deveriam ser sacerdotes.

Menelau, da Tribo de Benjamim, ofereceu um maior tributo a Antíoco do que o que foi pago por Jasão e conseguiu ser empossado como sumo-sacerdote.

 

3.  A Judaica Ortodoxa Atacada

 

Os judeus ortodoxos, que haviam ficado escandalizados quando Jasão foi nomeado sumo-sacerdote, ficaram transtornados mais ainda, quando Menelau da Tribo de Benjamim, com nenhum direito ao cargo sacerdotal, foi empossado.

Jasão formou um exército para defender a sua reivindicação ao sumo-sacerdócio, e Menelau tentou conseguir a ajuda de Antíoco.

Os sírios, que estavam lutando contra o Egito, acharam essencial manter o controle efetivo da Palestina. Assim sendo, Antíoco Epifanes efetuou um ataque sorrateiro contra Jerusalém num dia de sábado (quando os ortodoxos não lutariam), e assassinou um grande número de inimigos de Menelau.

As muralhas da cidade foram destruídas e uma nova fortaleza, a Acra, foi construída no local da cidadela.

Antíoco resolveu eliminar todos os vestígios da judaica ortodoxa. Diziam que o Deus de Israel era o mesmo que Júpiter, e uma imagem barbada deste deus pagão (talvez à semelhança de Antíoco) foi erigida no altar do Templo, onde porcos eram oferecidos em sacrifício.

Os judeus eram proibidos, sob penalidade de morte, de praticarem a circuncisão, a observância do sábado, ou a celebração dos três festivais anuais do calendário judaico. Foi ordenada também a destruição de cópias das Escrituras.

As leis eram impostas com extrema crueldade. Um idoso escriba chamado Eleazar foi açoitado até a morte porque não quis comer carne de porco.

Pela força das armas, Menelau continuou como sumo-sacerdote e o partido helenizante teve uma vitória. Contudo, os helenizadores haviam ido longe demais, e o próprio zelo deles em aniquilar a antiga ordem provou ser a sua própria destruição.

Os ortodoxos estavam dispostos a morrerem pela sua fé, mas nem todos estavam convencidos de que deveriam morrer passivamente.

 

E. A REVOLTA DOS MACABEUS

Os judeus oprimidos o demoraram muito tempo para encontrar um defensor.

 

1.  Matatias Lidera a Revolta

 

Quando os emissários de Antíoco chegaram à vila de Modin, a aproximadamente vinte e cinco quilômetros ao oeste de Jerusalém, eles esperavam que o idoso sacerdote, Matatias, desse um bom exemplo ao seu povo, indo para frente para oferecer um sacrifício pagão. Quando Matatias se recusou, um tímido judeu foi à frente para executar o sacrifício.

O sacerdote enfurecido aproximou-se do altar e matou tanto o judeu apóstata quanto o emissário de Antíoco.

 

Com os seus cinco filhos, Matatias destruiu o altar pagão e, em seguida, fugiu para as colinas para evitar uma represália.

Outras pessoas de convicção ortodoxa se uniram à família de Matatias em sua luta de guerrilhas contra os sírios e os judeus helenísticos que os apoiavam.

Os ortodoxos não lutavam nos dias de sábado e, consequentemente, encontravam- se em distinta desvantagem militar. Num sábado, um grupo de ortodoxos foi cercado e assassinado, pois não se defendiam.

Depois deste episódio, Matatias sugeriu o princípio de que a luta em defesa própria é permissível no dia de sábado. A realidade tem um jeitinho de moderar as teologias impráticas.

 

2.  Judas “Macabeu” Conduz à Vitória

Logo depois do início da revolta Matatias morreu. Ele havia recomendado veementemente aos seus seguidores a escolherem como líder militar o seu terceiro filho Judas, conhecido como o Macabeu, uma palavra cuja interpretação costumeira significa “o martelo”.

A escolha foi boa, pois mais e mais judeus uniram-se à causa. Os Macabeus, como foram chamados os seguidores de Judas, conseguiram manter a sua própria resistência contra uma série de exércitos sírios lançados contra eles.

Com um ataque noturno de surpresa, Judas aniquilou um exército de sírios e judeus helenísticos em Emaús e, em seguida, marchou em direção a Jerusalém, com os despojos de guerra que havia tomado. Os Macabeus entraram na cidade e conquistaram tudo, exceto a Acra.

Eles entraram no Templo e removeram todos os sinais de paganismo que lá haviam sido instalados. O altar consagrado a Júpiter foi removido e um novo altar foi erigido ao Deus de Israel. A estátua de Júpiter foi reduzida a pó.

Começando no dia vinte e cinco de Kislev (Dezembro), eles celebraram uma Festa de Consagração de oito dias conhecida como “Hanukkah”, o Festival das Luzes. (Observação: Os cristãos, mais tarde, se apropriariam desta data de festival, observando-a erroneamente como o aniversário de Jesus).

Desta forma, eles marcaram o fim do período de três anos, durante o qual o Templo havia sido profanado.

 

3.  Os Sírios Recuperam o Controle

A paz, no entanto, foi curta. O general sírio Lísias derrotou os Macabeus numa batalha perto de Jerusalém e sitiou a cidade. Durante o cerco, no entanto, Lísias foi informado de que havia problemas em seu país e fez uma oferta de paz aos judeus.

As leis contra a observância do judaísmo seriam revogadas, e a Síria se absteria de interferir nos assuntos internos da Judéia. Menelau deveria ser removido do cargo e o sumo sacerdócio dado a um helenizador moderado chamado Alcimo.

Lísias prometeu que Judas e seus seguidores não seriam punidos. No entanto, as muralhas de Jerusalém seriam demolidas.

Um conselho abrangendo oficiais do exército Macabeu, respeitados escribas, e anciãos do partido ortodoxo foi convocado em Jerusalém para determinar as ações a serem tomadas.

Contrariamente aos conselhos de Judas, as condições do tratado de paz foram aceitas. Alcimo tornou-se o sumo-sacerdote, Menelau foi executado e Judas saiu da cidade com alguns seguidores. Os temores de Judas provaram estar corretos, no entanto, pois Alcimo prendeu e executou muitos membros do partido ortodoxo.

 

4Reinicia-se a Guerra Civil

Os judeus leais uma vez mais se voltaram para Judas e reiniciou-se a guerra civil. Judas, com um exército de oitocentos homens mal equipados, deparou-se com um grande exército sírio e morreu na batalha. Assim, terminou a primeira fase da luta dos Macabeus.

Jônatas, um dos irmãos de Judas, atravessou o Jordão e fugiu com várias centenas de soldados Macabeus. Eles estavam mal equipados para travarem batalhas, mas as próximas vitórias ocorreram no campo da diplomacia.

Os dois pretendentes ao trono sírio buscaram a ajuda dos judeus. Eles viram em Jônatas o homem em melhores condições de formar e liderar um exército judeu. Com uma política de ações retardadas, Jônatas conseguiu apoiar o candidato vencedor e, ao mesmo tempo, fazer tratados com Esparta e Roma.

Antes do fim da guerra, Jônatas era sumo-sacerdote, governador da Judéia e membro da nobreza síria. O seu irmão Sio tornou-se governador da região litorânea dos filisteus. Jônatas conseguiu promover a prosperidade interna de Judá e, ao morrer, o seu irmão Simão o sucedeu como sumo-sacerdote governante.

Simão era de idade avançada quando chegou ao trono. A sua maior vitória foi no campo da diplomacia. Reconhecendo a Demétrio como legítimo rei da Síria, ele garantiu para os judeus uma isenção dos impostos, o que equivalia a um reconhecimento de independência.

Simão conseguiu subjugar pela fome e expulsar a guarnição síria em Acra e ocupar as cidades de Jopa e Betsura. Em reconhecimento ao seu sábio governo, os líderes de Israel o denominaram Simão “líder e sumo-sacerdote para sempre, até que se levante um fiel profeta”.

Simão foi o último dos filhos de Matatias, e este feito legitimizou uma nova dinastia denominada Asmoneana, que presumivelmente se deriva de um antepassado dos Macabeus chamado Asmoneu ou, no hebraico, “Hashmon”.

Em 134 A.C., Simão e dois de seus filhos foram assassinados por um ambicioso genro. Um terceiro filho João Ircano, conseguiu escapar e suceder a seu pai como chefe hereditário do Estado Judeu.

 

F. OS ASMONEUS

Os sírios reconheceram o governo de João Ircano sob a condição de que ele se considerasse submisso à Síria e prometesse ajuda nas campanhas militares sírias.

Certas cidades costeiras anexadas por Jônatas e Simão também deveriam ser abdicadas. O eficiente governo de Ircano, no entanto, efetuou rapidamente a reconquista destas cidades e a anexação da Iduméia (Edom do Antigo Testamento) ao território judeu.

Estas conquistas garantiram o uso pela classe mercante de antigas rotas comerciais, mas apresentaram problemas aos judeus com pretensões religiosas.

 

1.  IRCANO AMPLIA AS FRONTEIRAS DO ESTADO JUDEU

 

Ircano forçou os idumeus a tornarem-se circuncidados e a aceitarem a fé judaica, uma prática que o judaísmo refuta mais tarde. Há algo de irônico na ideia de um neto de Matatias forçando uma conformidade religiosa sobre um povo conquistado por armas judaicas!

Ircano também empreendeu campanhas militares em Samaria, onde destruiu o templo sobre o Monte Gerizim. O sucesso do militarismo judeu talvez fosse aplaudido pelo elemento nacionalístico da Judéia, mas o fervor religioso dos primeiros Macabeus já não era mais evidente.

Antes que João Ircano morresse em 104 A.C., as fronteiras do país haviam sido ampliadas em todos os lados. Nesta época, a luta dos Macabeus já era praticamente ignorada e surgiram novas rivalidades.

 

a. Surgimento dos Saduceus. 

Os helenistas mais velhos foram desacreditados, mas suas ideias foram perpetuadas no partido dos saduceus. Os ortodoxos da época dos Macabeus tornaram-se os fariseus da época do judaísmo pré-cristão e do Novo

Testamento.

O próprio Ircano era devoto e cumpridor das leis, mas os seus filhos tinham pouca afinidade com o pensamento hebraico tradicional. Encontravam-se entre os aristocratas e chegaram a olhar com desprezo os fariseus rigidamente ortodoxos. Ironicamente, estes herdeiros dos Macabeus tornaram- se totalmente helenizados.

 

2.  Continua a Expansão do Território Judaico

 

A morte de João Ircano precipitou uma luta dinástica entre os seus filhos. O seu filho mais velho, que preferia o seu nome grego Aristóbolo ao seu nome hebraico Judá, surgiu como vencedor. Ele lançou três dos seus irmãos na prisão dois dos quais, segundo ao que se pensa, morreram de fome. Outro irmão foi assassinado no palácio.

No curto reinado de somente um ano, Aristóbolo estendeu as fronteiras da Judéia para o norte até o Monte Líbano e tomou para si o título de rei. A sua vida foi encurtada, no entanto, pela bebida, por enfermidades e pelo obsessivo temor de rebeliões.

Por ocasião da sua morte, Aristóbolo tinha apenas um irmão vivo, o qual se encontrava na prisão. Muito embora o seu nome hebraico fosse Jônatas, a história o conhece pelo seu nome grego Alexandre Janaeu.

No seu governo, a política de expansão territorial continuou. As fronteiras da Judéia foram estendidas ao longo da costa dos filisteus em direção à fronteira egípcia e na região transjordaniana.

 

Nesta época, o estado judeu se aproximava ao território controlado por Israel nos dias de Davi e Salomão, incluindo toda a Palestina e as regiões adjacentes, das fronteiras do Egito até o Lago Hule, ao norte do Mar da Galiléia. Peréia, na Transjordânia, estava submissa a Janaeu, como também as cidades da Planície Costeira, exceto Ascalom. Os territórios incorporados ao reino Asmoneano foram em sua maioria rapidamente judaizados.

Os idumeus passaram a exercer um importante papel na vida judaica, e a Galiléia tornou-se um importante centro do judaísmo.

Os samaritanos, no entanto, continuaram a resistir à assimilação, e cidades como Apolônia e Citópolis (Bete-seã do Antigo Testamento) com apenas uma pequena porcentagem judaica em sua população, mantiveram as suas características não judaicas.

 

a. Os Fariseus se Rebelam.

As lutas de guerrilha, no entanto, estragaram o reinado de Alexandre Janaeu, o qual demonstrou um aberto desrespeito para com os fariseus, precipitando assim a guerra civil. Os fariseus aceitaram a ajuda dos sírios em seu conflito com Janaeu e, durante algum tempo, a independência judaica esteve na balança.

Quando os fariseus sentiram que haviam ganho a sua posição, eles desfizeram a sua aliança com a Síria, com a expectativa de um estado judaico que fosse tanto livre de controles externos como também tolerante para com o ponto de vista deles. Janaeu, no entanto, procurou os líderes da rebelião e crucificou oitocentos fariseus.

 

3Salomé Alexandra Governa

 

A tradição diz que Janaeu se arrependeu em seu leito de morte, instruindo a sua esposa Salomé Alexandra a despedir os seus conselheiros saduceus e a reinar com a ajuda dos fariseus. Esta tradição pode ter poucos fundamentos históricos, mas Alexandra recorreu de fato aos fariseus para pedir apoio.

Salomé Alexandra havia se casado sucessivamente com Aristóbolo e com Alexandre Janaeu. Sendo a viúva de dois governantes Asmoneus, ela reinou por direito próprio durante sete anos. Ela tinha setenta anos de idade ao chegar ao trono e dividiu as responsabilidades do reino com os seus dois filhos.

Ircano (II), o filho mais velho, tornou-se sumo-sacerdote, e o seu irmão Aristóbolo (II), recebeu o comando militar. O irmão dela, Simeão ben Shetah, era um líder dos fariseus, e este fato talvez a tenha predisposto a buscar a paz entre as facções contrárias do judaísmo.

 

a. Os Fariseus Ganham Poder.  

No governo de Alexandra, os fariseus tiveram a sua oportunidade de dar uma contribuição construtiva à vida judaica. Em muitas áreas, especialmente na educação, eles foram eminentemente bem-sucedidos. Sob a presidência de Simeão ben Shetah, o Sinédrio (o Conselho de Estado Judaico) decretou que todos os rapazes deveriam ser instruídos.

Um completo sistema de instrução básica foi inaugurado de forma que os vilarejos maiores, municípios e cidades da Judéia produzissem um povo instruído e informa- do. Esta instrução centralizava-se nas Escrituras Hebraicas.

No entanto, as feridas das lutas anteriores não foram curadas durante o reinado de Alexandra.

 

Muito embora os fariseus estivessem contentes com o seu recente reconhecimento, os saduceus estavam ressentidos com o fato de haverem perdido poder. Para piorar o problema, os fariseus tentaram se vingar do massacre dos seus líderes por Alexandre Janaeu. Sangue saduceu foi derramado e se faziam preparações para outra guerra civil.

Os saduceus encontraram em Aristóbolo, o filho mais jovem de Janaeu e Alexandra, o homem que poderiam apoiar como sucessor de Alexandra. Ele era um soldado e despertava o interesse do partido que sonhava com uma expansão imperial e poder secular.

Ircano, o irmão mais velho e legítimo herdeiro, era aceitável aos fariseus. Com a morte de Alexandra, os partidários dos dois filhos estavam prontos para um confronto.

 

b. Os Saduceus se Rebelam.  

Com a morte de sua mãe, Ircano (II) que havia servido como sumo-sacerdote, foi o sucessor ao trono, mas o seu irmão Aristóbolo dirigiu um exército de saduceus contra Jerusalém.

Nem Ircano nem os fariseus estavam prontos para a guerra, e Ircano entregou os seus cargos a Aristóbolo (II), que se tornou rei e sumo-sacerdote.

Logo depois, Ircano e Aristóbolo juraram uma amizade eterna, e o filho mais novo de Aristóbolo, Alexandre, casou-se com a única filha de Ircano, Alexandra.

A paz, no entanto, foi curta entre os irmãos. Ircano teve que fugir e Antipas, governador da Iduméia, adotou a sua causa. Com a ameaça da guerra civil, Pompeu apareceu com as suas legiões romanas para garantir a paz da Judéia e favorecer as metas de Roma.

 

G. OS ROMANOS

Quando Pompeu suspeitou que Aristóbolo planejasse se rebelar contra Roma, ele sitiou Jerusalém e, depois de três meses, rompeu as fortificações, entrou na cidade, e ao que consta matou doze mil judeus.

 

1.  Término da Independência Judaica

 

Pompeu e seus oficiais entraram no Santo dos Santos do Templo, mas ele não tocou em seus dispendiosos acessórios e permitiu que a adoração no Templo continuasse. Jerusalém, no entanto, tornou-se tributária dos romanos e o último vestígio de independência judaica foi removido.

A Judéia foi incorporada à província romana da Síria e perdeu as suas cidades costeiras, o distrito de Samaria e as cidades não judaicas ao leste do Jordão.

Ircano foi nomeado Etnarca (governante) da Judéia, incluindo-se a Galiléia, a Iduméia e a Peréia, e foi confirmado uma vez mais como sumo-sacerdote. Um tributo anual era devido a Roma.

Aristóbolo e vários outros prisioneiros foram levados a Roma para honrarem o triunfo de Pompeu. Durante a viagem, no entanto, o filho de Aristóbolo, Alexandre, escapou e tentou organizar uma revolta contra Ircano. Com a ajuda dos romanos, no entanto, Ircano conseguiu enfrentar este desafio à sua autoridade.

 

2.  Antipas: Poder por Detrás do Trono Judeu

 

Durante os anos de luta entre Aristóbolo (II) e Ircano (II), o governador da Iduméia, Antipas, logo se interessou muito pela política da Judéia.

Antipas se opunha implacavelmente a Aristóbolo, em parte por medo e em parte por sua amizade com Ircano. Parece que Ircano confiava muito em Antipas e que ele era virtualmente o poder por detrás do trono da Judéia.

Os judeus melindraram-se com a influência de Antipas quase tanto quanto o que sofreram sob a soberania romana.

Muito embora os idumeus tivessem sido incorporados ao estado judeu por João Ircano, eles nunca haviam sido assimilados e a antiga rivalidade não havia sido esquecida.

Na crise que se seguiu ao assassinato de Júlio César, Antipas e seus filhos mostraram lealdade ao novo regime de Cássio arrecadando tributos diligentemente. Herodes, filho de Antipas, recebeu o título de Procurador da Judéia, com a promessa de que algum dia seria nomeado rei.

Quando Antônio derrotou Brutus e Cássio em Filipos, a Ásia caiu novamente nas mãos de um novo regime. Herodes, no entanto, mudou rapidamente a sua lealdade e através de subornos, conseguiu cair na graça de Antônio.

A região leste do outrora poderoso império persa foi ocupada por um povo conhecido como os Partos, os quais nunca haviam sido subjugados por Roma. Em 41 A.C., eles atacaram Jerusalém e colocaram a Antígono, filho de Aristóbolo II, como rei e sumo-sacerdote.

 

3.  Herodes Nomeado “Rei dos Judeus”

 

Herodes, filho de Antipas, que havia herdado o trono da Judéia com a morte de Ircano, foi forçado a fugir para Roma. Lá, ele caiu na graça de Antônio e foi oficialmente nomeado “Rei dos Judeus”. Esse título teria significado somente depois que os Partos foram expulsos de Jerusalém. Herodes voltou à Judéia com tropas romanas e entrou triunfantemente em Jerusalém como rei.

O governo de Herodes estendeu-se sobre os agitados anos entre 37 A.C. e 4 D.C.

Ele é mais conhecido como o rei que temia o nascimento de um rival “Rei dos Judeus” e causou o assassinato dos bebês de Belém durante o nascimento de Jesus.

Ainda que este ato de Herodes não possa ser documentado através de registros seculares, as suas outras atrocidades são bem conhecidas. Ele tinha dez esposas ao todo e dizem que o Imperador Augusto teria comentado com relação à sua família: “Eu preferiria ser o porco de Herodes do que ser seu filho.”

O porco era um animal imundo e o era abatido, mas as esposas e os filhos de Herodes eram violentamente removidos se interferissem com os seus planos ou se fossem suspeitos de deslealdade.

 

a. Procurou Ganhar a Aprovação dos Judeus.  

Muito embora fosse detestado pelos seus súditos judeus, Herodes tentou de fato ganhar a aprovação deles. Ele construiu e reconstruiu cidades em todo o país. Samaria tornou-se Sebaste em honra de Augusto; a Torre Estraton tornou-se Cesaréia, com um porto protegido com um quebra-mar e uma muralha com dez torres. Fortalezas, balneários, parques, mercados, estradas e outros luxos da cultura helenística faziam parte do seu programa de construções.

 

No décimo oitavo ano do seu reinado (20-19 A.C.), Herodes começou a obra de reconstrução do Templo Judaico em Jerusalém. O edifício principal foi construído pelos sacerdotes num ano e meio.

Contudo, a construção de todo o complexo de pátios e prédios não foi completada até a procuradoria de Albino (62-64 D.C.). Isto aconteceu menos de uma década antes da total destruição pelos exércitos de Tito em 70 D.C., como foi profetizado por Jesus (Lc 19:41-44).

 

b.  Morreu Logo Após o Nascimento de Jesus.

A morte de Herodes veio logo depois do nascimento d’Aquele (Jesus), que deveria desafiar o direito de Herodes ao tulo “Rei dos Judeus”. Com a morte de Herodes – que não foi lamentada por ninguém o período entre o Antigo e o Novo Testamento chega ao fim e passamos para o período do Novo Testamento.

 

H. DESCRIÇÃO DAS FACÇÕES JUDAICAS

 

Os fariseus, saduceus, herodianos e zelotes com um papel tão importante nos registros do Evangelho todos eles tiveram as suas origens durante os dois séculos que antecedem o nascimento de Cristo.

Eles representam as diferentes reações ao constante conflito entre o helenismo e a vida religiosa judaica. Muito embora a luta dos Macabeus houvesse solucionado o problema político do relacionamento entre os Selêucidas sírios e a Judéia, ela forçou sobre o judaísmo a necessidade de determinar o seu próprio relacionamento com o mundo exterior.

 

1Os Fariseus Legalistas

Um partido com o nome de “fariseu” é mencionado primeiramente durante o reinado de João Ircano  (134-104 A.C.), e é evidente que até mesmo naquela época já havia um antagonismo entre o fariseu “ortodoxo” e o saduceu, que era mais liberal.

A palavra fariseu significa separado”. Este nome provavelmente significava, no início, uma pessoa que havia se separado da influência corruptora do helenismo em seu zelo pela Lei Bíblica.

O historiador Josefo disse que os fariseus “parecem ser mais religiosos que os outros e parecem interpretar as leis com maior precisão”.

Os fariseus eram exigentes na observância das leis referentes à pureza cerimonial.

Por esta razão, o podiam adquirir alimentos ou bebidas de um “pecador” devido ao seu temor de serem cerimonialmente profanados.

 

Os fariseus tampouco podiam comer na casa de um pecador, muito embora pudessem receber o pecador em suas próprias casas. Nestas circunstâncias, o fariseu forneceria roupas a serem usadas pelo pecador, pois as roupas do pecador poderiam estar cerimonialmente impuras.

 

Com um desejo sincero de tornar a lei viável dentro da variável cultura do mundo greco-romano, os fariseus desenvolveram sistemas de tradições que tentavam aplicar a lei a uma variedade de circunstâncias.


 

 


 

a.  Duas Escolas de Pensamento  Le- galista.

Durante o primeiro século antes de Cristo, dois mestres fariseus influentes deram os seus nomes a duas escolas de pensamento legalista.

1) Hilel era o mais moderado dos dois, sempre pensando nos pobres e disposto a aceitar o domínio romano como sendo compatível com a ortodoxia judaica.

2) Shanimai, por outro lado, era mais rígido em suas interpretações e implacavelmente contrário a Roma. Seu ponto de vista, em última análise, encontrou expressão na facção dos zelotes, cuja resistência aos romanos acarretou a destruição de Jerusalém em 70 D.C.

 

O Talmude preserva o registro de 316 controvérsias entre as escolas de Hilel e Shammai.

 

b.  A Tradição  Torna-se  Lei.

A tradição, no pensamento dos fariseus, começou com um comentário sobre a Lei, mas, em última análise, ela foi elevada ao nível da própria lei.

Para se justificar este ensinamento, afirmavam que a lei oral foi dada por Deus a Moisés no Monte Sinai juntamente com a lei escrita ou Tora.

O último estágio desse desenvolvimento foi alcançado quando a Mishna declara que a lei oral precisa ser observada com maior rigor que a lei escrita, porque a lei estatutária (isto é, a tradição oral) afeta a vida do homem comum mais intimamente do que a lei constitucional mais remota (a Tora escrita).

Além da acusação de que o farisaísmo envolvia pouco mais do que uma solicitude pelas trivialidades da Lei, o Novo Testamento afirma que a tradição havia negligenciado muito o propósito da mesma (Mt 15:3).

Como em muitos movimentos dignos, a santidade inicial dos que haviam se separado da impureza a grandes custos foi trocada por uma atitude de orgulho na observância de preceitos legalistas.

 

Homens como Nicodemos, José  de Arimatéia,  Gamaliel  e Saulo de Tarso (após a sua conversão a Cristo, ele se tornou o Apóstolo Paulo), representam algumas das almas mais nobres da tradição farisaica no Novo Testamento.

Para Saulo, o fariseu representava a epítome da ortodoxia, “a facção mais rígida da nossa religião (At 26:5). O farisaísmo começou bem, e a sua perversão é um constante lembrete de que a vaidade e o orgulho espiritual são tentações às quais os devotos são particularmente suscetíveis.

 

2.  OSaduceus Materialistas

Muito embora os fariseus e saduceus sejam frequentemente denunciados conjuntamente no Novo Testamento, eles tinham pouca coisa em comum, exceto o seu antagonismo para com Jesus.

 

Os saduceus eram um partido da aristocracia de Jerusalém e do sumo-sacerdote. Eles haviam feito as pazes com os governantes políticos e haviam conseguido posições de riqueza e influência. A administração e os rituais do templo constituíam as suas responsabilidades específicas. Os saduceus se mantinham à distância da massa e eram impopulares com elas.

As tentativas dos fariseus de aplicarem a Lei a novas situações foram rejeitadas pelos saduceus, que restringiam os seus conceitos de autoridade à Tora, ou Lei Mosaica. Os saduceus não acreditavam na ressurreição, nos espíritos, ou nos anjos (Compare Marcos 12:18; Lucas 20:27; Atos 23:8). A fé deles era basicamente uma série de negações, o que fez com que não deixassem nenhum sistema religioso ou político positivo.

 

Enquanto os fariseus davam as boas-vindas aos prosélitos (Mt 23:15), a facção dos saduceus estava fechada. Ninguém, a não ser os membros da alta classe das famílias sacerdotais e aristocráticas de Jerusalém, podia fazer parte deles.

Com a destruição do Templo em 70 D.C., a facção dos saduceus chegou ao fim. O judaísmo moderno atribui as suas origens aos fariseus.

 

3.  Os Essênios Ascéticos

 

Tanto os essênios quanto os fariseus atribuem as suas origens aos líderes ortodoxos da época dos Macabeus que resistiram contra o helenismo. Os fariseus mantinham uma rigorosa devoção à “lei oral dentro da estrutura do judaísmo histórico. Eles mantinham a sua separação das impurezas, mas o da comunidade judaica em si.

Muito embora a adoração no templo fosse conduzida pelos saduceus, os fariseus a consideravam como sendo uma parte básica da sua herança religiosa. Ainda que o fariseu pudesse se manter à distância dos “pecadores”, ele vivia entre eles e desejava a sua estima.

 

Uma reação mais extrema contra as influências que tendiam a corromper a vida judaica foi tomada por uma facção que os antigos escritores Filo, Josefo e Plínio chamam de “Essênios”.

Os essênios provavelmente viveram principalmente em comunidades monásticas, como a que mantinha a sua sede em Qumrã, perto do canto superior esquerdo do Mar Morto. (Observação: Qumrã foi onde os famosos “Pergaminhos do Mar Morto” foram encontrados numa caverna em meados do Século XX. Ao que se presume, os essênios os guardaram na era pré-cristã).

 

Tentando explicar o judaísmo ao mundo que falava grego, Josefo falou sobre três “filosofias” a dos fariseus, a dos saduceus e a dos essênios.

O termo “Essênios” parece ter sido usado de muitas maneiras. Diferentes grupos de judeus com propensões monásticas adotaram várias práticas religiosas. Contudo, todos eles eram citados como essênios.

Plínio diz que os essênios evitavam as mulheres e o se casavam, mas Josefo fala sobre uma ordem de essênios que se casavam. As escavações em Qumrã indicam que havia mulheres registradas na comunidade de Qumrã.

Os antigos escritores falam favoravelmente sobre os essênios, que viviam uma vida rigorosa e simples. Os membros da comunidade estudavam as Escrituras e outros livros religiosos. Exigia-se que todos os essênios executassem trabalhos manuais a fim de tornar a comunidade independente no seu sustento.

A comunhão dos bens era praticada e uma rigorosa disciplina era imposta através de um supervisor. Os grupos que renunciavam ao casamento adotavam meninos de pouca idade a fim de incutir e perpetuar os ideais do essenismo. A escravidão e a guerra eram repudiadas.

 

Os essênios davam as boas-vindas aos prosélitos, mas se exigia dos noviços que passassem por um rigoroso período de experiência antes que pudessem tornar-se membros totalmente habilitados.

Numericamente, os essênios nunca foram muito significativos. Filo diz que havia quatro mil deles, e Plínio fala sobre uma comunidade ao norte de Engedi, correspondente à área de Qumrã. Que havia outras comunidades é óbvio, pois sabemos que todos os membros desta facção eram bem recebidos em qualquer uma das colônias essênias.

Nada sabemos com certeza sobre os primórdios da história desta facção, pois, semelhantemente a todos os movimentos de reforma, ela atribui as suas origens a épocas remotas. Filo afirma que Moisés instituiu esta ordem e Josefo diz que eles existiram “desde as épocas antigas dos patriarcas”.

 

É certo que o movimento essênio foi em certa ocasião um extremo protesto contra as corrupções que eram aparentes no judaísmo pré-cristão, e que, finalmente, muitos membros se retiraram da vida comunitária palestina e buscaram uma purificação espiritual em lugares semelhantes à região de Qumrã.

Aos que estudam a história da Igreja pareceria evidente que a influência dos essênios se estenderia diretamente ao Século XX. Muitas das suas práticas foram incorporadas em várias “ordens” religiosas das ramificações ortodoxas e católicas do cristianismo.

 

E possível que Paulo estivesse se referindo a certas influências doutrinárias dos essênios ao admoestar sobre alguns que haviam adotado “doutrinas  de demônios... Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência de alimentos... (1 Tm 4:1-3).

 

Considerando-se o único Israel verdadeiro ou puro, os essênios se recusavam a cooperar com o que acreditavam ser observâncias religiosas corruptas no Templo de Jerusalém. A vida cuidadosamente regulada nos núcleos dos essênios parece ter servido como um substituto para o templo aos olhos dos devotos essênios.

O rigor da disciplina dos essênios e a rigidez com a qual a Lei era imposta são enfatizados por todos os que escrevem sobre eles. Josefo diz que eles eram mais rigorosos do que todos os judeus na abstenção do trabalho no dia de sábado.

Uma passagem no Documento de Damasco (que parece ter sido originado pelos essênios) diz que é ilegal se retirar um animal de um buraco no dia de sábado. Uma opinião assim era considerada exagerada até mesmo pelos fariseus legalistas (compare Mateus 12:11).

A ausência dos essênios nas principais correntes da vida judaica indubitavelmente se deve ao fato de que eles não são mencionados no Novo Testamento nem no Talmude Judaico. Muito embora a alta moralidade dos essênios seja elogiada de fato, os ensinos e as práticas de Jesus eram diametralmente opostos ao legalismo e ao asceticismo dos ensinos essênios.

Muito embora os essênios considerassem que o contato com um membro do seu próprio grupo, porém de uma ordem inferior, fosse cerimonialmente profanador, Jesus não hesitou em comer e beber com os “publicanos e pecadores (Mt 11:19; Lc 7:34).

 

Muito embora fosse obediente à Lei Mosaica, Jesus não tinha nenhuma afinidade com os que faziam da Lei um fardo, ao invés de uma bênção. O sábado, de acordo com Jesus, foi feito para o benefício da humanidade.

Portanto, é lícito fazermos o bem no dia de sábado (Mt 12:1-12; Mc 2:23-28; Lc 6:6-11; 14:1-6).

Jesus denunciou os abusos no Templo e profetizou a sua destruição. No entanto, Ele o repudiou os cultos no Templo. Ele foi a Jerusalém para as grandes festas judaicas, e, após a Sua ressurreição, os discípulos ainda iam até o Templo na hora da oração (Compare com Atos 3).

 

Muito embora o asceticismo e o monasticismo tivessem ganhado terreno no pensamento cristão, o cristianismo, em seus primórdios, o foi de maneira nenhuma um movimento ascético. O ministério de Jesus foi basicamente às “pessoas comuns” que eram rejeitadas pelos fariseus, e também pelos essênios. Pelo fato de Jesus ter Se associado livremente às pessoas de sua geração, os que proclamavam sua própria retidão O chamaram de beberrão, amigo dos publicanos e pecadores (Mt 11:19).

 

Ele o Se encaixava no molde legalista dos fariseus, dos ascéticos, das práticas monásticas dos essênios, nem na politicagem materialística dos saduceus. Com relação a Ele, foi dito que “...as  pessoas comuns O ouviam de bom grado (Mc 12:37).

 

4.  Outras Seitas

 

O Novo Testamento menciona os Herodianos (Mc 3:6; Mt 22:16) e os Zelotes (Lc 6:15), grupos de judeus que se encontravam em extremos opostos da classe política.

Aparentemente, os Herodianos  foram judeus de influência e prestígio, bem dispostos ao governo de Herodes e, consequentemente, aos romanos que apoiavam a dinastia de Herodes.

Os Zelotes, por outro lado, eram superpatriotas que haviam resolvido resistir a Roma a todo custo. O fanatismo deles acarretou a guerra durante a qual o exército de Tito destruiu Jerusalém e o seu Templo (70 D.C.).

 

Para mais informações sobre o período entre o Antigo e o Novo Testamento veja a subseção chamada Os Livros Apócrifos na Seção Cl intitulada O Cânon.

 

Veja também abaixo a Cronologia Entre os Testamentos

 

 

Cronologia Entre os Testamentos

Data A.C.

612           Nínive  destruída pelos  Medos e Babilônios

587           Jerusalém  destruída por Nabucodonosor

559           Ciro  herda o reino  de Anshan; início do Império Persa

539         Babilônia cai diante  de Ciro; fim do Império Neobabilônico

530-522   Cambises  sucede Ciro; conquista do Egito

522-45 Dario  l governante do Império Persa

515          Segundo  Templo terminado pelos  judeus em Jerusalém

486-465  Xerxes l tenta  conquista da Grécia  na época de Ester

480          Vitória Naval  Grega em Salamis; Xerxes  foge

464-424  Artaxerxes  l governa a Pérsia; época de Neemias

334-323  Alexandre  da  Macedônia conquista o Oriente

311          Seleuco conquista a Babilônia; início da  dinastia Selêucida

223-187  Antioco (III) o  Grande, governante Selêucida da Síria

198           Antioco III derrota o Egito e ganha o controle  da Palestina

175-163  Antioco  (IV) Epifanes governa a Síria; o judaísmo é banido

167          Matatias e os  seus filhos se rebelam contra  Antioco; início da  revolta dos Macabeus

166-160  Liderança de  Judas Macabeu

160-142  Jônatas  é  o sumo sacerdote

142-13Simão é o sumo sacerdote e funda  a dinastia dos Asmoneus

134-104  João Ircano amplia  as possessões do  Estado Judaico independente

103         Governo de  Aristóbolo

102-76   Governo de  Alexandre Janaeu

75-67      Salomé Alexandra governa; Ircano  II sumo-sacerdote

66-63      Batalha  Dinástica: Aristóbolo II e Ircano II

63           Pompeu invade  a  Palestina; começa o domínio romano

63-40      Ircano II governa em submissão a Roma;  Antipas exerce um  poder  cada vez maior

40-37      Partos conquistam Jerusalém e estabelecem a Aristóbolo  como  sumo-sacerdote e  rei

37-4        Herodes o  Grande, filho de Antipas,  governa como  rei, em submissão a Roma

 

 

 

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