SEÇÃO E7
CONSERVANDO A COLHEITA
Leo Harris
Capítulo 5
A Igreja Universal e as Igrejas Locais no Novo Testamento
Introdução:
Vamos iniciar agora um estudo do padrão do Novo Testamento para a Igreja Cristã.
Devido ao espaço limitado, será impossível fazermos deste estudo algo completo e minucioso. Esperamos, no entanto, fornecer aos nossos leitores uma compreensão do projeto bíblico para a Igreja de hoje.
A. O QUE SIGNIFICAA PALAVRA“IGREJA”?
As palavras “igreja” e “igrejas” originam-se da palavra grega “ekklesia”, que simplesmente significa UMA ASSEMBLÉIA CHAMADA PARA FORA.
1. “Igreja” (aparece 80 vezes no Novo Testamento).
A palavra “igreja” (no singular) se refere à Igreja Universal, a igreja de uma cidade, ou a uma igreja local (ou “caseira”). Ela nunca se refere a uma denominação nem a um edifício de igreja.
Nos dois primeiros usos da palavra “igreja” no Novo Testamento, a referência é primeiramente à Igreja Universal, e, em segundo lugar à igreja local (ou “caseira”).
a. Igreja Universal. Primeiro Uso: “Edificarei a Minha Igreja” (Mt 16:18). Cristo está Se referindo à Igreja Universal, e não, a nenhuma seção ou divisão específica dela.
b. Igreja Local (ou “Caseira”). Segundo Uso: “...dize-o a igreja: e, se também não escutar a igreja...” (Mt 18:15-17). Esta passagem trata das medidas disciplinares a serem seguidas quando a reconciliação for recusada pelo crente ofensor.
É bem claro, portanto, que a palavra “igreja”, da maneira usada no segundo exemplo, se aplica à igreja local (ou “caseira”), e não à Igreja Universal.
Semelhantemente, em todas as 80 ocasiões em que a palavra “igreja” aparece no Novo Testamento, o contexto mostra se a passagem se refere à Igreja Universal ou a uma igreja local (ou “caseira”).
c. Exceção: Israel Como um Símbolo da Igreja. Em Atos 7:38, há uma exceção ao uso genérico da palavra “igreja”. Neste versículo, lemos sobre “a igreja no deserto’’. Esta é uma referência a Israel em sua jornada no deserto, após a sua libertação do Egito através do Mar Vermelho.
Ainda que Israel não fosse uma igreja no sentido neo-Testamentário, a palavra “ekklesia” é aplicável a Israel em suas jornadas no deserto. Neste papel, a nação de Israel era um símbolo da Igreja Cristã nesta dispensação.
• Israel havia sido redimida através do sangue de um cordeiro,
• chamada para fora do Egito (o mundo), separada do Egito pelo Mar Vermelho (batismo na água),
• recebeu uma provisão sobrenatural no deserto (maná do Céu e água da Rocha – símbolos de Cristo),
• foi conduzida através do Rio Jordão (Batismo no Espírito Santo) e estabeleceu-se em Canaã (um símbolo dos lugares celestiais).
Assim sendo, Israel, uma assembléia chamada para fora, foi um símbolo da Igreja Cristã. Atos 7:38 é a única ocasião no Novo Testamento em que a palavra “igreja” é aplicada a qualquer outra coisa a não ser a Igreja Universal ou a uma igreja local (ou “caseira”).
2. “Igrejas” (aparecendo 35 vezes no Novo Testamento).
A palavra “igrejas” sempre se refere a igrejas locais (ou “caseiras”), e nunca a denominações, grupos organizados de igrejas, ou prédios de igrejas. Alguns usos típicos da palavra “igreja” no Novo Testamento são os seguintes:
“... as igrejas dos gentios’’ (Rm 16:4);
“... as igrejas de Deus” (1 Co 11:16);
“... as igrejas dos santos” (1 Co 14:33);
“... as igrejas da Ásia” (1 Co 16:19), etc.
Todas estas são referências a grupos de crentes que se reúnem regularmente (geralmente na casa de alguém) para a adoração e o culto.
3. “Assembléia” (aparecendo 5 vezes no Novo Testamento).
Consideremos agora a palavra “assembléia” da forma em que aparece no Novo Testamento. É uma palavra geralmente usa- da com relação as nossas igrejas locais (ou “caseiras”) de hoje.
Três das cinco vezes em que a palavra “assembléia” aparece, a aplicação não é com relação a uma igreja, e sim a um ajuntamento comum de pessoas (veja Atos 19:32, 39, 41).
Os outros dois usos da palavra “assembléia” encontram-se em Hebreus 12:23, onde a palavra significa literalmente “uma reunião em massa”, que é uma referência à Igreja Universal, e em Tiago 2:2, onde a palavra grega é literalmente “sinagoga”.
Foi bem apropriado que Tiago usasse esta palavra, que simplesmente significa “reunir-se”. A sinagoga judaica foi provavelmente o modelo para a reunião da igreja local (ou “caseira”).
B. A IGREJA COMO DEUS A VÊ.
O uso das palavras “igreja” e “igrejas” é extremamente simples. A nossa compreensão destas palavras nos fornece um firme fundamento sobre o qual podemos basear o nosso estudo sobre a Igreja do Novo Testamento.
Muito embora a palavra “igreja” seja hoje geralmente usada com relação a uma denominação, como por exemplo, a Igreja Batista, a Igreja Presbiteriana, ou o Pequeno Rebanho, a Bíblia não usa a palavra desta maneira.
Do ponto de vista de Deus há apenas uma Igreja Universal, abrangendo os crentes nascidos de novo de todas as terras e de todas as línguas.
Deus vê esta grande Igreja de Jesus Cristo dividida apenas em igrejas locais (ou “caseiras”), grupos locais de crentes, reunindo-se regularmente em Seu nome.
Estritamente falando, a única organização eclesiástica que a Bíblia reconhece é a que funciona dentro da igreja local (ou “caseira”). Todas as outras organizações são formadas para conveniência destas igrejas e como um meio de coordenação.
O Novo Testamento apresenta a igreja local (ou “caseira”) como sendo soberana (que significa “sob o controle dos freqüentadores”), dispondo do seu próprio sustento e governo, e propagando o Evangelho.
Igrejas locais (ou “caseiras”) de semelhantes doutrinas e experiências espirituais podem preferir agrupar-se para a promoção de suas visões especificas. No entanto, nunca deveríamos perder de vista este conceito do Novo Testamento: a Igreja Universal é dividida somente em reuniões caseiras de crentes – a “Igreja” e as “igrejas” do Novo Testamento.
C. UM SÍMBOLO DE IGREJAS NEO-TESTAMENTÁRIAS.
Em Apocalipse 1, encontramos uma representação simbólica da Igreja do Novo Testamento organizada em suas muitas igrejas de cidades. O Apóstolo João, exilado na Ilha de Patmos, encontrava-se no Espírito, no Dia do Senhor, quando lhe foi mostrada esta visão.
Ele viu “Um semelhante ao Filho do Homem” no meio de “sete castiçais de ouro”. Em sua mão, Ele segurava sete estrelas.
No versículo 20, temos a interpretação destes símbolos. Os sete castiçais de ouro eram sete igrejas de cidades situadas na Ásia Menor. As sete estrelas eram os anjos (ou líderes) destas igrejas.
O Senhor Jesus Cristo aparece como um Sumo Sacerdote cuidando dos castiçais. Eis aqui o cumprimento (anti-tipo) dos tipos encontrados no Tabernáculo de Moisés e no Templo de Salomão do Antigo Testamento.
Ao lermos Apocalipse 2 e 3, descobrimos que o Senhor deu uma mensagem especial a cada uma das sete igrejas.
A maioria dos estudiosos do Livro do Apocalipse concordam que estas igrejas de cidades existiam na Ásia Menor.
No entanto, elas também retratavam sete diferentes períodos da história da Igreja que se desenrolaria nos séculos futuros desta Era (Dispensação) da Igreja. Esta Era estender-se-ia desde os dias de João até a vinda do Senhor. (Veja a Seção Gl do Guia de Treinamento de Líderes para mais detalhes sobre isto).
“Sete” nas Escrituras é o número que representa a perfeição. Portanto, os sete castiçais de ouro da visão de João podem ser considerados como que representando toda a Igreja desta dispensação, com cada castiçal simbolizando uma igreja de cidade.
Como é inspirador este nosso quadro: o Cristo ressurreto no meio das igrejas de todas as terras e de todas as gerações através desta presente era. Com cada uma delas, Ele trata diretamente. Para cada uma delas Ele tem uma mensagem especial: de repreensão, admoestação, aconselhamento, encorajamento, ou de elogio.
Isto se encontra em perfeita harmonia com o conceito neo-testamentário da Igreja de Jesus Cristo.
Ele não é somente a Cabeça sobre a Igreja Universal, pois a Sua liderança também é expressa em todas as igrejas de cidades ou igrejas locais (ou “caseiras”). Para cada uma delas Ele tem um propósito e um plano. O Cristo vivo procura manifestar-Se em cada igreja de cidade ou igreja local (ou “caseira”), trazendo correções e afáveis encorajamentos e elogios.
Além disso, o ministério é segurado em Suas mãos! Os anjos (ou ministros) recebem as suas mensagens diretamente do Cristo vivo para que possam transmiti-las às suas respectivas igrejas locais (ou “caseiras”) que constituem a igreja de suas cidades.
Certamente uma visão como esta deve nos ajudar a ampliar os nossos horizontes e a compreendermos melhor o propósito do Senhor, tanto para a Igreja Universal quanto para as igrejas de cidades ou igrejas locais (ou “caseiras”) do padrão neo-testamentário.
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