SEÇÃO E7
CONSERVANDO A COLHEITA
Leo Harris
Capítulo 9
Os Dirigentes da Igreja de Uma Cidade e da Igreja Local
Introdução:
Havendo considerado os cinco dons ministeriais, que funcionam na Igreja Universal, em todo o Corpo de Cristo, examinemos agora, brevemente, os ministérios que pertencem à igreja de uma cidade e à igreja local (ou “caseira”). Vimos anteriormente que o governo neo-testamentário baseia-se na igreja de uma cidade ou na igreja local (ou “caseira”).
O padrão original apresenta um quadro de muitas igrejas locais (ou “caseiras”), com governo próprio, onde os presbíteros guardam e alimentam o rebanho. Estas igrejas locais (ou “caseiras”) dentro de uma cidade (igreja) são coordenadas pelos bispos (supervisores) e cooperam para a expansão do Reino de Deus.
Ao abordarmos o dom ministerial de pastor, observamos que há uma notável semelhança entre o ministério de pastor e o cargo de presbítero.
A diferença fundamental entre eles é que o dom pastoral, ainda que funcionando na igreja local (ou “caseira”), não precisa ser limitado a uma só igreja local (ou “caseira”). É um dom que pode servir a qualquer igreja local (ou “caseira”) que convidar a este pastor. O pastor serve a todo o Corpo de Cristo.
Basicamente há dois cargos na igreja de uma cidade, a saber, os presbíteros (que servem numa igreja local) e os diáconos (que servem a todas as igrejas locais, dentro da igreja de uma cidade).
Por exemplo, havia muitas igrejas locais (ou “caseiras”) dentro da Cidade de Jerusalém. Esta igreja da cidade teve 3.000 novos convertidos no Dia de Pentecostes e 5.000 homens (além de mulheres e crianças) pouco tempo depois (Compare At 2:41; 4:4).
Eles se reuniam em pequenos grupos nas casas. Os que tinham dinheiro compartilhavam e davam diretamente aos pobres, segundo as suas necessidades (At 2:44,45).
Alguns, no entanto, davam o produto da venda de terras e propriedades aos apóstolos, os quais, por sua vez, distribuíam o dinheiro aos necessitados. Aparentemente, o dinheiro não era guardado pelos presbíteros nas igrejas locais (ou “caseiras”). Em vez disso, ele era dado aos apóstolos, os quais escolhiam diáconos para distribuí-lo às viúvas e outros necessitados (Compare At 4:34-37; 5:3; 6:1-7).
Em Filipenses 1:1, Paulo escreve “a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos [uma igreja de cidade] com os BISPOS e DIÁCONOS.” O bispo era um presbítero superintendente ou supervisor. Veja também Tito 1:5,7. Examinemos agora este cargo um pouco mais detalhadamente.
A. PRESBÍTEROS.
1. O Trabalho Deles.
Em Atos 20, lemos sobre a palavra de Paulo aos presbíteros de Éfeso: “...e de Mileto mandou a Éfeso, e chamou os presbíteros da igreja’’ (At 20:17).
Paulo Lhes disse; “Porque não me esquivei de vos declarar todo o conselho de Deus.
“Olhai pois por vós, e por todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu supervisores, para alimentardes a Igreja de Deus, a qual Ele adquiriu com o Seu Próprio sangue” (At 20:27,28).
Nesta ocasião, Paulo falou com os PRESBÍTEROS e Lhes disse que o Espírito Santo os havia feito SUPERVISORES (no grego = presbuteros, que é traduzido como bispos em todas as demais passagens da Versão Autorizada Inglesa).
O apóstolo lhes ordenou a ALIMENTAREM o rebanho, sobre o qual eles haviam tornado a supervisão. Isto mostra o intimo relacionamento entre o ministério pastoral e o cargo do presbítero, e, contudo, não há nenhuma referência aqui a um dom ministerial sendo exigido.
Esta e outras passagens bíblicas nos fornecem o seguinte sumário do trabalho dos presbíteros na igreja local (ou “caseira”):
a. Ficar Atento ao Rebanho. Eles precisam “olhar... por todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo lhes constituiu supervisores” (At 20:28).
b. Alimentar a Igreja. Eles devem “alimentar a igreja de Deus” (At 20:28 – veja também 1 Pedro 5:1,2).
c. Tomar Conta da Igreja. Eles devem “tomar conta da igreja de Deus” (1 Tm 3:5).
d. Governar Bem. Os presbíteros devem “governar”, e os que “governam bem” devem ser “...bem pagos e deveriam ser muito apreciados, especialmente os que trabalham arduamente, tanto na pregação como no ensino” (1 Tm 5:17).
e. Permanecer Fiel à Mensagem.
Uma outra responsabilidade do presbítero é “...permanecer firme na mensagem que é digna de confiança como foi ensinado, a fim de que ele possa encorajar os outros através da sã doutrina e refutar os que se opõem a ela” (Tt 1:9).
f. Ensinar com Aptidão. O presbítero precisa ser “apto [ou capacitado] para ensinar” (1 Tm 3:2).
g. Visitar os Enfermos e Orar por Eles. Os presbíteros precisam estar disponíveis quando são chamados para visitarem os enfermos e para fazerem “a oração de fé” (Tg 5:14,15).
Resumindo-se então: Aparentemente havia presbíteros que também eram apóstolos (como era o caso de Pedro); os que tinham responsabilidades em toda a cidade como bispos (supervisão de outras pessoas); os que eram especialmente dotados na pregação e no ensino; e os que, devido à sua idade avançada e ao seu caráter, agiam como pais espirituais numa igreja local (ou “caseira”).
2. As Suas Qualificações.
As qualificações necessárias para o cargo de presbítero encontram-se em duas passagens: 1 Timóteo 3:1-7 e Tito 1:6-9. Combinando-se estas duas passagens, temos a seguinte lista de qualificações pessoais exigidas pelas Escrituras:
“O bispo precisa ser irrepreensível... marido de uma só mulher... vigilante... sóbrio... de bom comportamento... dado a hospitalidade... apto para ensinar... não dado ao vinho... não espancador... não cobiçoso pelo dinheiro... paciente... não contencioso... não ganancioso... não obstinado... não iracundo... não recém-chegado à fé [um noviço] para que, ensoberbecendo-se não caia na condenação do diabo... “alguém que governe bem a sua própria casa, tendo filhos fiéis e que não sejam acusados de tumultos e indisciplina, tendo os seus filhos em sujeição, com toda austeridade...
“ser apreciador de homens bons... justo... santo... sóbrio... além do mais, ele precisa ter uma boa reputação dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo.”
Portanto, vemos que as características importantes de um presbítero biblicamente qualificado encontram-se em sua vida pessoal.
Com relação ao seu ministério, ele deve ensinar aquilo que ele próprio foi ensinado e cuidar do rebanho.
3. Não Enfatize em Demasia a Estrutura.
Ainda que as estruturas que estabelecemos para conservarmos a Colheita possam ser importantes, os líderes de igreja não deveriam enfatizar isto demasiadamente.
Qual é o mais importante? O vinho (a Colheita) ou o odre (aquilo que conserva a Colheita).
A Bíblia responde a esta pergunta: “...o construtor de uma casa tem maior honra que a casa em si” (Hb 3:3). Jesus está construindo a Sua Casa (a Igreja). Porém, sempre precisamos dar-Lhe muito mais honra do que a Casa em si.
A liderança da igreja e os dons ministeriais são necessários para ajudarem na edificação da Igreja. As estruturas de liderança que adotamos para contermos e preservarmos a Colheita são menos importantes que o Senhor da Colheita (Jesus) ou a Colheita em si (os crentes).
Portanto, NÃO enfatize demasiadamente o odre, a estrutura, o governo, e como as coisas são organizadas. Adote aquilo que funciona no seu país e na sua cultura. Peça que o Senhor lhe dê sabedoria e o ajude a estabelecer o mínimo de estrutura possível.
Lembre-se: a Igreja de Jerusalém tinha mais de 5.000 famílias (30.000 pessoas ou mais) e somente sete diáconos e doze apóstolos.
4. O Presbitério Local Inclui os Dons Ministeriais.
Os dons ministeriais de pastor e mestre são estabelecidos na Igreja para servirem a muitas congregações. O presbítero, no entanto, executa um ministério semelhante, em seu cargo como presbítero, na igreja local (ou “caseira”). Os pastores talvez venham e se vão; os mestres talvez venham e se vão; mas o cargo do presbítero permanece na igreja local (ou “caseira”).
Os cinco dons ministeriais são (na maioria dos casos) presbíteros ambulantes. Aparentemente, o presbitério de uma igreja local (ou “caseira”) pode incluir qualquer um ou todos os cinco dons ministeriais. Pelo menos temos a evidência de que Pedro, que era um apóstolo, também era um presbítero: “...aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles...” (1 Pe 5:1).
O presbitério da igreja de uma cidade ou de uma igreja local (ou “caseira”) pode incluir uma pessoa que tenha um dom ministerial apostólico, como é o caso de Pedro.
Como na Igreja de Antioquia (At 13:1-3), talvez haja outros que possuam o dom ministerial de profeta, evangelista ou mestre, que consideram uma determinada igreja como sendo a sua igreja local.
Neste caso, esses homens podem servir no presbitério de sua igreja local (ou “caseira”), e, contudo, os seus ministérios funcionam num âmbito muito maior, para o benefício de todo o povo de Cristo.
Além disso, talvez seja possível que uma pessoa possua um dom ministerial, e, no entanto, por algum motivo ela não se qualifique como presbítero desta igreja local (ou “caseira”).
Se for este o caso, estes dons ministeriais ambulantes, de acordo com o que cremos, estariam submissos aos presbíteros que Deus ordenou na igreja local (ou “caseira”).
Podemos sumarizar estes pensamentos, dizendo que o presbitério constitui a supervisão local e é nomeado de acordo com certas qualificações pessoais. Os dons ministeriais são concedidos pelo Senhor Jesus
Cristo para servirem a Sua Igreja em muitas localidades sobre a terra, de acordo com a Sua Própria vontade.
B. DIÁCONOS
1. O Trabalho Deles.
A palavra “diácono” significa “servo”. O trabalho do diácono é servir às necessidades práticas dos líderes e membros da igreja de uma cidade e da igreja local (ou “caseira”). Há muitas maneiras pelas quais os diáconos podem servir aos interesses de uma igreja de uma cidade, mas estas maneiras podem ser melhor determinadas por cada igreja e as suas circunstâncias específicas.
Em geral deveria ser compreendido que os diáconos têm a responsabilidade de tomar conta dos aspectos materiais (financeiros) do trabalho da igreja de uma cidade. Assim sendo, o ministério e a supervisão são liberados para se devotarem às necessidades espirituais e ao bem-estar da igreja.
2. As Qualificações Deles.
As qualificações pessoais do diácono foram citadas para nós em 1 Timóteo 3:8-13. Elas incluem todos os aspectos da integridade pessoal, da espiritualidade e de se ter uma vida doméstica bem ordenada.
O versículo 13 apresenta uma maravilhosa promessa aos diáconos fiéis: “Os que se saírem bem como diáconos serão bem recompensados, tanto pelo respeito dos outros, como também pelo desenvolvimento da sua própria confiança e intrepidez no Senhor.” Toda a igreja de cidade ativa conhece o valor de diáconos fiéis e eficientes.
C. OUTROS REPRESENTANTES.
Em Atos 6:1-6, lemos sobre a escolha de sete homens batizados no Espírito para aliviarem os apóstolos de suas responsabilidades domésticas, a fim de que pudessem ser liberados para se dedicarem à oração e ao ministério da Palavra.
Estes homens talvez tenham sido, como crêem alguns, os primeiros diáconos. Mas o registro bíblico não nos diz isto.
Contudo, vemos de fato nesta passagem o princípio da separação dos deveres espirituais dos deveres naturais e domésticos que consomem muito tempo, com relação à igreja de uma cidade e à igreja local (ou “caseira”).
Abrindo em Coríntios 12:28, encontramos uma lista de alguns dos ministérios e cargos que o Senhor estabeleceu na Igreja, os quais incluem “ajudas” e “governos” (administração). O Novo Testamento Ampli- ficado em Inglês e a Versão Moffatt traduzem estas palavras como “ajudantes” e “administradores”.
Os líderes de igreja de comunidades maiores, ou que também estejam na liderança de muitas igrejas locais (ou “caseiras”) de uma cidade, podem nomear ajudantes na organização e na administração dos afazeres da igreja da cidade.
Muitas igrejas nomeiam conselhos (um grupo de diáconos) para supervisionarem os assuntos comerciais envolvidos nos afazeres da assembléia. Provou-se que isto é muito eficiente, especialmente na manipulação das exigências financeiras e legais da igreja.
Como regra geral, talvez descubramos que há muitos que são qualificados para servirem à assembléia na qualidade de diáconos, mas que não são, necessariamente, equipados para manusearem os aspectos mais complicados da administração comercial.
Assim sendo, vemos a vantagem de conselhos sendo designados para suprirem esta necessidade e para servirem à assembléia sob a supervisão dos presbíteros.
D. SUMÁRIO
Sumarizando os nossos pensamentos sobre os cargos que funcionam dentro da igreja local (ou “caseira”), diríamos que o Senhor ordenou que:
• Os presbíteros constituíssem o governo e supervisionassem as necessidades espirituais da assembléia, muito embora este presbitério também possa incluir irmãos que possuam dons ministeriais.
• Os diáconos fossem nomeados para tomar conta do aspecto material (financeiro) das atividades da igreja local (ou “caseira”). O Novo Testamento permite a nomeação dos que são especificamente qualificados para aconselhar e também assistir na administração da igreja da cidade e dos afazeres da igreja local (ou “caseira”).
Todas as atividades, no entanto, deveriam funcionar sob a supervisão espiritual do presbitério local.
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