SEÇÃO C7
A DOUTRINA DA SEGURANÇA ETERNA
(Uma Vez Salvo, Sempre Salvo?)
Ralph Mahoney
OBS.: USE AS SETAS DE NAVEGAÇÃO PARA RETORNAR AOS ITENS PRINCIPAIS. PARA PESQUISAR OS VERSÍCULOS MARQUE OS
E DEPOIS CLIQUE O BOTÃO DIREITO DO MOUSE E PESQUISE NO GOOGLE, DEPOIS É SÓ FECHAR A JANELA QUE FOI ABERTA.
Capítulo 2
Um Tipo Certo de Fé
Introdução
Quando ainda era um jovem reformador, Martinho Lutero rejeitou a Epístola de Tiago, achando que ela deveria ser removida do Cânon. Mais tarde, ele mudou a sua posição porque viu os seus seguidores vivendo vidas ímpias. Eles professavam ser justificados pela fé, mas os seus estilos de vida não davam nenhuma prova de que possuíam o tipo certo de fé.
“Professavam conhecer a Deus, mas, em suas obras, O negavam, sendo abomináveis, desobedientes, e réprobos para toda a boa a obra’’ (Tt 1:16)”.
Os seguidores de Lutero caíram no erro contra o qual Paulo admoestou. Depois de estabelecer a base da justificação, Paulo alertou os crentes contra uma errônea interpretação e aplicação da sua revelação.
“Que diremos, pois? Vamos continuar pecando, para que a graça possa aumentar? De modo nenhum...!”
“...fomos sepultados com Ele pelo batismo [na água] para que... possamos viver uma nova vida”.
“...Sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com Ele para que o corpo do pecado pudesse ser aniquilado, para que não mais fôssemos escravos do pecado – porque qualquer um que tenha morrido foi liberto do pecado... Semelhantemente, considerai-vos mortos para o pecado... Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas de baixo da graça’’ (Rm 6:1-14)”.
A. PAULO VERSUS TIAGO: NENHUMA CONTRADIÇÃO
A nossa Bíblia não traduz Tiago claramente. Consequentemente, muitos têm achado que Tiago contradiz a Paulo. No entanto, não há nenhuma contradição entre Paulo e Tiago, quando Tiago é compreendido adequadamente.
Na verdade, Tiago torna bem claro o fato de que não há nenhuma esperança se tentarmos ser justificados pela lei.
“Pois todo aquele que guardar a lei inteira, e, contudo transgredir num só ponto torna-se culpado de todos” (Tg 2:10).
Será que alguém (exceto Jesus) jamais viveu a sua vida sem ser culpado de um único pecado? Considere o seguinte e impressionante argumento de Tiago: Apenas um ponto de transgressão é exatamente tão ruim quanto à quebra de TODOS os mandamentos, várias vezes.
Uma só mentira me faz um mentiroso. Semelhantemente, um só pecado me transforma num pecador sob a penalidade de morte.
“Pois o salário do pecado é a morte...”.
(Rm 6:23). “A alma que pecar, essa morrerá...” (Ez 18:20).
Portanto, é inútil pensarmos que podemos ser salvos pela lei, pela circuncisão, ou pelas boas obras. Precisamos de um Salvador (Alguém que nos salve, independentemente do que podemos fazer). Louvado seja Deus! Ele providenciou isto para mim em Seu Filho, Jesus, minha Salva- dor!
B. O QUE É A FÉ SALVADORA?
“Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo?” (Tg 2:14). Infelizmente, esta tradução está incorreta. Deveria ser: “Porventura este tipo de fé pode salvá-lo?”
A questão não é se somos salvos pela fé ou pelas obras. Ao contrário, é qual o tipo de fé que salva? Uma concordância intelectual com os fatos da Bíblia sobre Deus não é o tipo de fé que salva.
“Tu crês que há um só Deus; fazes bem; os demônios também creem, e estremecem’’ (Tg 2:19)”.
1. A Fé Salvadora Age e Obedece
Tiago salienta que os demônios creem nos fatos sobre Deus, mas não há nenhuma ação de obediência, como resposta ao que Deus diz. A fé sempre AGE e OBEDECE.
O tipo de fé que nos justifica e nos salva do pecado é a fé que produz uma obediência amorosa para com os mandamentos de Deus.
“Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras [ação de obediência] está morta?” (Tg 2:20).
A fé significa “ações de obediência, em resposta ao que Deus disse.”
a. A Fé Salvadora Ilustrada.
Semelhantemente ao imperador japonês, os imperadores romanos das épocas do Novo Testamento proclamavam-se deuses – a serem adorados.
A palavra grega “Kurios” (traduzida como “Senhor” em nossa Bíblia) era reservada pela lei romana. “Kurios” deveria ser usada somente com relação ao César. Para os romanos, César era o “Senhor”. O uso desta palavra para qualquer outra pessoa acarretava a penalidade de morte para o transgressor.
Paulo escreveu aos crentes de Roma (a capital e trono de César):
“A saber: Se com a tua boca confessares ‘Jesus é Senhor’, e em teu coração creres que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo”. Pois com o coração o homem crê para a justiça, e com a boca faz confissão para a salvação’’ (Rm 10:9,10).
Paulo escreveu duas poderosas verdades sobre o tipo de fé que salva:
1) Ela Vive ou Morre Para Jesus.
A fé salvadora é o tipo de fé que nos torna dispostos a vivermos ou morrermos por Jesus.
Confessarmos com nossas bocas “Jesus é Senhor” diante de testemunhas significava colocarmos a nossa vida em risco.
Significava a penalidade de morte se fôssemos delatados às autoridades romanas por estas testemunhas.
2) Ela Obedece a Jesus. A fé salvadora era mais uma questão do coração, do que da cabeça. “Pois com o coração o homem crê para a retidão...” (Rm 10:10). “Porque pela graça [favor imerecido] sois salvos por meio da fé; e isto não vem de vós: [a graça e a fé] é dom de Deus. Não vem das obras...” (Ef 2:8, 9).
Romanos 16:26 fala da “...obediência da fé”. O tipo de fé que não produz uma ação de obediência em resposta ao que Deus disse NÃO é o tipo de fé que salva e justifica.
A profunda pergunta de Tiago é a seguinte: “Será que o tipo de fé que não produz ações de obediência pode salvar?” A resposta é um ressonante NÃO! “Pois... fomos criados em Cristo Jesus para fazermos as boas obras, as quais Deus ordenou de antemão para que andássemos nelas” (Ef 2:10).
Inversamente, será que as boas obras, a circuncisão, a lei, ou os mandamentos nos salvam? Não! É somente pelo favor imerecido (graça) e a misericórdia de Deus que podemos ter qualquer esperança de salvação. Crendo com o nosso coração (semelhantemente ao Abraão da antiguidade), a nossa fé nos é imputada como justiça.
2. A Fé Salvadora é um Dom de Deus
“Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha alma se alegrará no meu Deus; pois Ele me vestiu com as vestimentas da salvação, Ele me cobriu com o manto da justiça...” (Is 61:10). São as vestimentas e o manto que Ele nos “dá”, graciosamente, que possibilitam que fiquemos diante de Deus imaculados, justificados, “...é dom de Deus, não vem das obras...” (Ef 2:8,9).
Independentemente da ação de Deus para nos salvar, “...somos todos como o imundo, e todas as nossas [próprias] retidões são como trapos imundos... e as nossas iniquidades, semelhantemente ao vento, nos arrebatam” (Is 64:6).
Isaías esclarece a questão. O melhor que podemos produzir através dos nossos próprios esforços e obras religiosas são como “um pano menstrual” (tradução literal do hebraico), o qual, se tocado, tornava a pessoa cerimonialmente impura e inadequada para se aproximar de Deus.
“E se uma mulher tiver um fluxo... em seu... sangue, ela será separada sete dias: e todo aquele que a tocar estará impuro...” (Lv 15:19).
Nota do Editor: O fato de que uma mulher assim pudesse tocar a Jesus, ser curada, e ser aceita por Ele com compaixão e amor, demonstra a superioridade da Nova Aliança sobre a Antiga (compare Lucas 8:43-48 com Hebreus 7:22; 8:6; 12:24).
Honramos a Cruz de Cristo e a obra que Ele completou para a nossa salvação quando paramos de tentar salvar a nós mesmos ou acrescentar à Sua obra através das nossas próprias obras de retidão. “Porque aquele que entrou no Seu repouso, ele também cessou das suas próprias obras, como Deus das Suas” (Hb 4:10).
No Antigo Testamento, Rute foi ensinada como libertar-se de sua pobreza e viuvez, e como casar-se com o “senhor da colheita”, Boaz.
“Aí então Noemi, sua sogra, disse-lhe: Minha filha, não hei eu de buscar descanso para ti, para que fiques ,bem?”
“Ora, pois, não é Boaz de nossa parentela... lava-te, pois, e unge-te, e veste os teus vestidos...”
“E há de ser que, quando ele se deitar... entrarás... e te deitarás; e ele te fará saber o que deves fazer” (Rt 3:1-4).
Tudo o que Rute tinha a fazer era preparar-se para o relacionamento e entrar na presença de Boaz; e deitar-se (descansar).
“Boaz tomou conta dos detalhes – e Rute foi salva da viuvez, da morte pela fome, e da pobreza.
O mesmo acontece conosco. Somos chamados a descansarmos – enquanto o nosso Senhor da Colheita, Jesus, toma conta dos detalhes da nossa salvação.
Permita que Jesus complete a obra que Ele iniciou em você. Pare de lutar para salvar a si próprio através das suas próprias boas obras. Aí então você será um cristão feliz.
“Tendo por certo isto mesmo, que Aquele que em vós começou uma boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo (Fp 1:6).
Se lutarmos para salvarmos a nós próprios, ficaremos frustrados, temerosos e inseguros.
C. E SE O CRENTE PECAR?
Alguns ensinam que se você pecar após ter crido, você estará perdido até que se arrependa e receba o perdão.
As Escrituras não confirmam esta posição. A Bíblia diz: “Bem-aventurado é aquele cuja transgressão é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado é o homem a quem o SENHOR não imputa iniquidade” (Sl 32:1, 2).
“Davi diz a mesma coisa ao falar sobre a bem-aventurança do homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras:
“Bem-aventurados são aqueles cujas transgressões são perdoadas, cujos pecados são cobertos.”
“Bem-aventurado é o homem cujo pecado o Senhor nunca imputa contra ele” (Rm 4:6-8).
Estes versículos nos mostram que quando somos justificados, quando os nossos pecados são perdoados, o pecado não é mais cobrado de nós. Os nossos pecados são todos cobrados de Cristo e a Sua retidão nos é atribuída.
1. Jesus nos Defende
O que acontece então quando o crente peca? O Apóstolo João nos ensina o seguinte: “Meus queridos filhos, escrevo isto a vós para que não pequeis. Mas, se alguém pecar de fato, temos Alguém que fala com o Pai em nossa defesa – Jesus Cristo, o Justo. Foi Ele quem pagou o preço total pelos nossos pecados...” (1 Jo 2:1,2).
João não está nos estimulando a pecar. Ele nos suplica para não pecarmos. No entanto, ele nos garante que se pecarmos de fato, Jesus está pronto para nos defender contra qualquer acusação de Satanás. Ele pagou a penalidade pelos nossos pecados a fim de que não houvesse nenhuma condenação aos que estão em Cristo Jesus.
A tradução de 1 João 3:6-9 da Versão “King James” da Bíblia Inglesa fez com que alguns achassem que os que creem em Jesus vivem uma vida imaculada (sem pecados).
Esta ideia contradiz a l João 1:8-10: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós”.
“Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e para nos purificar de toda injustiça. “Se dissermos que não pecamos, fazemo-Lo mentiroso, e a Sua palavra não está em nós.”
1 João 3:5-9 é traduzido corretamente em inglês pelo Dr. Williams: “Vocês sabem que Jesus apareceu para que Ele pudesse remover os nossos pecados. E n‘Ele não há nenhum pecado. Ninguém que permanece n‘Ele faz do pecado uma prática. Ninguém que faz do pecado uma prática O viu nem O conhece... Ninguém que é nascido de Deus faz do pecado uma prática...”.
A questão não é a “perfeição imaculada”. Contudo, é evidente que Cristo veio “... para salvar o Seu povo dos seus pecados” (Ml 1:21), e, assim sendo, se alguém continua fazendo do pecado uma prática, ou tem o vício habitual de pecar, tal pessoa talvez não tenha a fé salvadora.
2. O Verdadeiro Crente Não Quer Pecar
É uma questão de compreendermos a nossa “antiga natureza” e a nossa “nova natureza”. A nossa antiga natureza é semelhante a um porco que gosta muito de se rolar no lodo e na lama. A nossa nova natureza é semelhante à de uma ovelha, a qual, se cair ou escorregar no lodo, luta até morrer para sair dele.
“Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do homem velho [antiga natureza]. E vos revistais do novo homem [nova natureza], que segundo Deus é criado em justiça e verdadeira santidade” (Ef 4:22, 24).
O verdadeiro crente não vai querer pecar, nem “se rolar no lamaçal” do pecado. A pessoa que tem a fé salvadora não faz do pecado premeditado uma prática. Mas, se o crente for surpreendido numa falta, se ceder à tentação, ou se cair no pecado, o Senhor estará ao seu lado para defendê-lo contra a acusação e a condenação do diabo. A chave é se o crente deseja ser liberto do pecado ou não.
3. O Verdadeiro Crente é Disciplinado
Quando uma criança desobedece aos pais, a comunhão é quebrada – e não o relaciona- mento. Uma disciplina apropriada é o que restaura a criança à obediência e à comunhão. Durante este processo, o relaciona- mento NÃO é quebrado. Os desobedientes ainda permanecem filhos dos pais.
Contudo, deveríamos observar que uma forte disciplina pode seguir os pecados graves.
“Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos...” (Hb 12:6,7).
Se você consegue pecar sem ser disciplinado, é de se questionar se você é um verdadeiro crente ou não. “Mas se não sois disciplinados, então sois filhos ilegítimos, e não filhos verdadeiros” (Hb 12:8).
a. O Pecado e os Julgamentos de Davi.
O Rei Davi caiu no terrível pecado do adultério, seguido pelo selvagem pecado do assassinato (2 Sm 11). Isto desencadeou uma série de julgamentos que assombraram a Davi pelo resto de sua vida.
Dentre os julgamentos (castigos) de Davi citados em 2 Samuel 12 encontram-se os seguintes:
1) Guerra e Morte. Pelo fato de ele ter matado um homem inocente (Urias), a espada nunca sairia de sua casa. A guerra e a morte o atormentariam até que ele morresse.
2) Morte da Criança. A criança nascida do seu adultério com Batseba morreria.
3) Calamidades Sobre a Sua Família. Pelo fato de ele ter violado a santidade do casamento de Urias, viriam calamidades sobre a sua própria família e também procederiam dela. As esposas e os filhos de Davi se envolveriam nas piores formas de imoralidade, incluindo-se o estupro, o incesto e a fornicação.
4) Filhos Contra Filhos. O filho de Davi, Absalão, mataria o seu meio-irmão, Amnon, pelo seu estupro da irmã de Absalão, Tamar.
5) Filho Contra Pai. Absalão derrubaria a Davi e o destronaria. Para uma terrível vergonha de Davi, Absalão tomaria as concubinas de seu pai e teria relações sexuais com elas.
6) Amaldiçoado Pelos Seus Súditos. Davi seria amaldiçoado pelos seus súditos enquanto fugia de Absalão.
7) Morte do Filho Favorito. O filho de Davi, Absalão, finalmente seria assassinado por um dos generais de Davi chamado Joabe.
8) Um Coração Partido. O coração de Davi seria esmagado e ficaria partido depois que estas calamidades caíssem sobre ele e sua família.
“Então o rei se perturbou sobremaneira, e subiu à sala que estava por cima da porta, e chorou; e andando, dizia assim: Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão! Quisera Deus que eu tivesse morrido por ti, ó Absalão, meu filho, meu filho! “...o rei cobriu o seu rosto e clamou em alta voz: Ó meu filho Absalão, ó Absalão, meu filho, meu filho!” (2 Sm 18:33;19:4).
Deus ama demais os Seus filhos para permitir que pequem sem ser punidos. Ele não nos isenta das dolorosas consequências de nossos pecados.
“...o caminho dos transgressores é difícil” (Pv 13:15). “Não vos enganeis; Deus não Se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7).
No entanto, Ele não nos condena com o mundo. “A Sua misericórdia é eterna e permanece para todas as gerações” (Sl 100:5)
b. Três Níveis de Julgamento.
Há três níveis de julgamento nos quais o pecado do crente pode ser tratado. Cada um deles é mais severo que o anterior.
1) Julgamento Próprio. “Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (l Co 11:31). Quando o crente faz algo errado, o Espírito Santo está ao seu lado para reprová-lo e conscientizá-lo veementemente de que ele precisa consertar a questão. Se o pecado for contra uma outra pessoa, ele precisará pedir perdão e ou fazer restituições. Se ele fizer isto a questão estará encerrada.
2) Julgamento Pelos Crentes.
Se você não julgar a si próprio, o Senhor lhe enviará um crente, assim como Ele enviou o profeta Natã a Davi. Davi respondeu e se arrependeu. A sua oração pedindo misericórdia e restauração se encontra registrada no Salmo 51. Ainda que ele tenha sido severamente castigado pelo seu pecado, isto pôs um fim à questão.
3) Julgamento Pelos Incrédulos ou por Satanás.
Se não respondermos aos tratamentos de Deus no primeiro ou no segundo nível, segue-se então o julgamento mais severo.
“Geralmente se ouve que há fornicação entre vós, e tal fornicação que nem chega a ser citada entre os gentios, que alguém tivesse relação sexual com a esposa de seu pai” (1 Co 5:1).
Os coríntios não queriam julgar nem disciplinar este crente que não queria se arrepender e que estava cometendo este pecado. Assim sendo, Paulo deu instruções sérias com relação ao que era exigido da Igreja de Corinto. “Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, quando estiverdes reunidos, e o meu espírito, com o poder de nosso Senhor Jesus Cristo, para entregar esta pessoa a Satanás para a destruição da carne, para que o espírito possa ser salvo no dia do Senhor Jesus” (1 Co 5:4,5).
O pecado é uma questão muito séria para o crente.
4. Incentivo Para o Crente
O crente que não quer pecar deveria se encorajar com as promessas de Romanos 8. “Que diremos pois a estas coisas? Se Deus é por nós, quem pode ser contra nós? “Aquele que não poupou o Seu Próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como nos não dará com Ele todas as coisas? “Quem intentará qualquer acusação contra os eleitos de Deus? Seria Deus que justifica?
“Quem os condenará? Seria Cristo, que morreu, ou antes, que ressuscitou e que se encontra à destra de Deus e que também faz intercessão por nós?
“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Rm 8:31-35).
Todas estas maravilhosas verdades nos dão uma absoluta certeza e uma grande esperança. Há uma maravilhosa segurança em Cristo. Deus está do nosso lado – lutando pela nossa salvação. Cristo e o Espírito Santo estão envolvidos na intercessão e na representação legal em nosso nome.
Para provar o Seu desejo de sermos salvos, Deus deu o Seu Único Filho por nós.
Tudo isto nos dá uma sensação de segurança e consolo.
“Querendo Deus tornar bem claro a natureza imutável do Seu propósito aos herdeiros do que havia sido prometido, Ele o confirmou com um juramento”.
“Deus fez isto, a fim de que, através de duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, nós, que fugimos para nos apossarmos da esperança que nos é oferecida, possamos ser grandemente consolados.
“Temos esta esperança como uma âncora para a alma, firme e segura, e que entra no Santo dos Santos, atrás do véu” (Hb 6:17-19).
D. É POSSÍVEL PERDERMOS A SALVAÇÃO APÓS SERMOS JUSTIFICADOS?
Muitos que creem na verdade da justificação pela graça através da fé creem na doutrina da “segurança eterna”. Concluem por todas as maravilhosas verdades esboçadas acima que nunca poderiam perder a salvação.
Se a pessoa quiser manter-se em segurança, não creio que haja nenhum perigo de perder a sua salvação. O Senhor tomou medidas extremas para nos manter a salvo e em segurança. Jesus reforça isto: “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da Minha mão: O Meu Pai que as deu a Mim, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão do Meu Pai” (Jo 10:28,29).
1. Sérias Admoestações
Temos, no entanto, sérias admoestações no Novo Testamento, que, se ignorarmos, estaremos colocando em risco a nossa segurança pessoal.
O meu amigo presbiteriano (mencionado no início desta seção do Guia de Treinamento de Líderes) acreditava na doutrina da segurança eterna. No entanto, ele reconhecia que alguns versículos o incomodavam, como por exemplo, Romanos 8:13: “Se viverdes segundo a carne, morrereis...” A palavra “morrer” é a mesma palavra e raiz no texto grego que a que foi usada para se descrever o fim do incrédulo, que experimentará a “segunda morte”, que é uma referência ao juízo eterno. “...porque se não crerdes que Eu sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8:24).
Um estilo de vida carnal pode nos levar ao engano. “Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado (Hb 3:13). O pecado e a carnalidade cauterizam a consciência e endurecem o coração.
Pelo fato de o julgamento e a disciplina de Deus nem sempre serem imediatos, as pessoas carnais se enganam e começam a pensar que não há nenhuma consequência para o pecado, e a incredulidade começa a se infiltrar furtivamente. Esta incredulidade é expressa pela desobediência aos mandamentos de Deus.
“Professam que conhecem a Deus, mas nas obras O negam, sendo desobedientes...” (Tt 1:16).
2. A Incredulidade nos Coloca em Perigo
O que é então que pode fazer com que alguém que foi salvo perca a sua salvação? É a incredulidade resultante da carnalidade e do pecado.
“Mas sem fé é impossível agradarmos a Deus, pois o que se aproxima de Deus precisa crer” (Hb 11:6). É o voltarmos à incredulidade que nos coloca em perigo.
“Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida; mas a ira de Deus permanece sobre ele” (Jo 3:36).
A palavra “crer” significa “crer e continuar crendo”. É o tempo presente contínuo na gramática grega. Depois de crer precisamos continuar crendo.
“Prestai atenção, irmãos, para que não haja em nenhum de vós um coração maligno de incredulidade, para se apartar do Deus Vivo” (Hb 3:12).
Observe que esta admoestação é dirigida aos “irmãos”, e os identifica como sendo crentes. “Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado. Porque fomos feitos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até o fim” (Hb 3:13,14).
Creio que isto expressa a questão bem claramente e deveria por um ponto final no debate. Se continuarmos crendo, estaremos seguros. Se porém, através da incredulidade (o resultado do pecado e da desobediência) nos apartarmos do Deus Vivo, creio que estaremos em perigo.
3. Os Crentes Podem Voltar à Incredulidade?
Fiz a seguinte pergunta ao meu amigo presbiteriano: “Se você conhecesse alguém que tivesse crido – mas que agora diz que não crê mais – você lhe daria esperança de salvação?”
Ele pensou por um bom tempo e aí respondeu solenemente: “Eu nunca daria esperança de salvação a ninguém que dissesse não ter crido. Contudo, não creio que seja possível para alguém que realmente creu voltar à incredulidade, e, assim perder a sua salvação”.
O debate se resumiu a isto.
Eu creio que seja possível voltarmos à incredulidade, e, portanto, perdermos a nossa salvação – mesmo após termos crido. O meu amigo não acreditava nisto. Não era uma questão de “obras versus fé” – era uma questão de crermos (através do qual somos salvos) ou de não crermos (através do qual perdemos a salvação). Por que Deus nos avisaria sobre isto se não fosse possível acontecer?
a. Crentes Hebreus que se Desviaram.
Dizem que muitos dos crentes judeus do primeiro século estavam se desviando de Cristo depois de terem crido. Havia enormes pressões e perseguições contra os cristãos judeus.
Eles eram discriminados no trabalho e não conseguiam obter empregos. Eram discriminados na educação e os seus filhos não eram aceitos nas escolas. Às vezes, não podiam comprar nos comércios judeus locais.
Dizem que para recuperar a sua aceitação na comunidade judaica, o cristão hebreu tinha que desenhar o sinal da cruz no chão, derramar sangue sobre ele, e, aí então, pisoteá-lo. Isso significava que ele estava renunciando o sangue e a Cruz de Cristo.
Para estas pessoas foi escrito o Livro de Hebreus. “Portanto convém nos atentar com mais diligência para as coisas que temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos dela”.
“Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu uma justa retribuição; Como escaparemos, se negligenciarmos esta tão grande salvação...?” (Hb 2:1-3).
“Aquele que desprezasse a lei de Moisés morria sem misericórdia pela palavra de duas ou três testemunhas: “De quanto maior castigo... será julgado merecedor aquele que tiver pisado o Filho de Deus e tiver considerado profano o sangue da aliança, com que foi santificado e tiver feito agravo ao Espírito da graça?” (Hb 10:28,29).
Esta é uma admoestação muito séria!
“Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos” (Hb 6:9). “Mas já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração.
“E, acima de tudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1 Pe 4:7,8
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